26 de fev. de 2009

Da auto estima...


arte por Dani Zamô e letra por Céu

25 de fev. de 2009

Da quarta-feira de cinzas...



07:43 da manhã, ainda meio zonza e tendo visto o sol raiar. Acabou oficialmente a folia. Logicamente, cá dentro no peito, ela continua a bater como um surdo ritmado. Ainda existe confete e serpentina nos meus olhos. O carnaval sempre morou em mim, herança genética. Sem dinheiro, não pude fazer muita coisa, mas entrar na sagrada procissão profana dos blocos me bastou. Acabei não conseguindo passar o carnaval com todos os amigos que queria, mas quis passar com os que passei. Fiz novos laços. A alegria e a folia unem as pessoas de forma desinteressada, pelo menos moralmente. Rezo pra minha Portela ser a vitoriosa desse ano (estava linda, como a muito tempo não via). A festa já deixou saudade, de volta à vida real. Praia, samba, amigos, risadas, dança, fantasia, uma paixão de carnaval com mãos suadas, muita comida e muita cerveja = dois quilos a mais. Dois quilos felizes.

"A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão"
(João Cabral de Melo Neto)

19 de fev. de 2009

Das cartas na mesa...

Na TPM. Dessa vez mais melancolica do que irritada. Um dia dedicado à espiritualidade. Dedicado é exagero, mas ao menos o fim dele sim.

O que muita gente não entende sobre mim:
quando a partida se torna previsível eu prefiro abandonar o jogo.

18 de fev. de 2009

De mim por Florbela...

"o meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma

angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista;

sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que [às vezes] não se

sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"

(Florbela Espanca)

15 de fev. de 2009

Do amor...



Desconsiderando os erros de digitação, ortográficos, concordância, pontuação, coesão dos posts. A escrita é amadora, auto biográfica e carregada de sentimentos e sensações, portanto impulsiva, precária, desinteressada até certo ponto, ingênua.

A temática sempre retorna ao amor. Eu sou a romântica a quem somente a idéia de amor agrada, talvez por falta de talento e aptidão pra vivenciá-lo. Adoro a idéia do amor como um todo.

Ultimamente tenho achado que essa certa desconfiança no sexo oposto e na consistência do que ele pode oferecer a uma mulher tem origem no complexo de Édipo. No meu complexo de Édipo, que é um dos muitos dos meus complexos. O que tem me deixado bastante preocupada, no sentido de me fazer encarar essa coisa de paixão, namoro, relação com tanta indiferença e receio, que posso afirmar sem medo, que uma criatura que me deseje sentimentalmente vai ter que penar muito pra merecer minha confiança, dedicação e carinho. Como não acho que valho tanto a pena assim, abstraio. Na verdade aprendi com meu pai, que apesar de amar muito, a não esperar muito de um homem. Na verdade ele foi minha primeira desilusão amorosa, primeiro foi o herói, o pai modelo pra mim, os jogos, as brincadeiras, o carinho, as histórias, a pracinha... foi ele quem me ensinou a desenhar um índio de perfil (hoje nem lembro mais) e a fazer um balão de origami, quem jogava dados e dominó comigo e me levava todo domingo de manhã na pracinha pra ver teatro de bonecos. E como eu chorava quando ele tinha que ir trabalhar! Ele fingiu acreditar quando eu peguei canetinha e fiz bolinhas no rosto pra dizer que tava com catapora. Era ele quem aguentava minhas insônias aos 5 anos de idade (sim, sou insone desde criança). O tempo foi passando e na adolescência ainda tínhamos alguns papos sobre a importância de preservação ou "juízo" como dizia ele. Falava que os homens, ainda mais os de 15, 16 na maioria das vezes queriam outras coisas das meninas dessa idade que não carinho e mãos dadas. O jeito dele de abordar o tema era engraçado. Hoje, dois estranhos, que sabem que se amam muito, mas que acabam sempre se ferindo, seja pela ausência ou pela presença mal utilizada. Um abraço e uma conversa são raros de acontecer. E até hoje me pergunto onde foi parar aquele herói que era meu melhor amigo e que achava que ia ter pra vida inteira. Claro que tudo se explica, mas hoje sei onde foi parar o herói, ficou guardado cá dentro, nas marcas boas da minha alma. E hoje, sei o que é um amor desinteressado, é amar um ex-herói, sabendo que possivelmente só tenham restado algumas partes menos louváveis. E as lágrimas que porventura ele me causa, servem pra iluminar essas histórias boas e essa cumplicidade que hoje só ficaram no passado. Descobri que o amor desinteressado, ama a parte ruim também. Na verdade também, como muitos dizem, sou uma menina. E ainda estou me acostumando com a idéia de que as coisas mudam e que o tempo muda algumas coisas, sem ninguém ter culpa.

O INFERNO SÃO OS OUTROS. (para os que interpretam mal essa frase: não porque os outros sejam culpados. Simplesmente, porque ao olhar no olho do outro o que vemos somos nós mesmos)

Numa fase existencialista, literalmente.

Existir no sentido etimológico, é sair de. "Por exemplo, - diz Sartre em A Nausea -, eu me sinto triste; mas tomar consciência de meu desgosto é colocá-lo como um objeto a distancia de mim. Pois o eu que diz 'estou triste' não é mais, de modo algum, o eu que está triste. Assim o homem está por sua consciência, sempre além de si mesmo. Eis o sentido do 'ex-istencialismo'."



13 de fev. de 2009

Do julgamento e do cavaleiro de Paus...

Os olhos dele estavam cinzas. Aqueles mesmos olhos que anos atrás eram a razão de viver dela. Aqueles mesmos olhos quem um dia disseram que também a queriam. E um dia ela o quis, com a força da sua alma, com tudo aquilo que sua adolescência permitia conhecer como amor. Ela um dia o amou, mais do que a si mesma. Amou com o pouco que sabia, mas com a infinidade de tudo o que sentia. A pele também tinha perdido aquela textura de "aspirador de pó" que sempre parecia querê-la sugar pra dentro. Mas mesmo assim, por uma fração de segundo, hoje ela quis novamente se deixar ser sugada. Claro que o instante durou muito menos do que costumava durar. Já haviam pelos brancos na barba e amassados de pele em volta dos olhos, que volta e meia durante a conversa, quando olhava pro lado, não pode deixar de reparar. As mãos também haviam mudado bastante. As mãos que um dia significaram tanto pra ela, que arrancavam notas e melodias que ela achava as mais lindas e que calaram por muitos anos sua vida, que contaram pra ela, durante algumas noites, que nada se compara ao toque de um amor... as mãos estavam tristes. E por outra fração de segundos ela teve inveja da mulher que agora dormia com ele todas as noites. Em seguida, com toda humanidade que lhe é permitida, perguntou mentalmente (a quem quisesse ouvir) se alguma das que passaram antes e depois dela teriam sentido daquele jeito o toque dele. Aquele toque que dizem que só as almas pareadas sentem. Se mesmo agora com as mãos tristes, caladas e tímidas, a outra sentiria o que ela sentiu. Porque no seu íntimo, por mais que quisesse calar o desejo, ela sabe que aceitaria como um faminto aceita um pão velho, aquelas mãos tristes. Não por necessidade, mas só porque eram dele. E por mais que ela estranhasse (e acreditem, muita coisa nela havia também entristecido durante esses anos), suas mãos não suaram. Permaneceram secas todo o tempo. Acredito que as mãos eram o reflexo da alma dela. Sem querer e sem saber, ele bebeu todas as lágrimas dela junto com cerveja até alguns anos atrás, e muitas vezes sem nem sequer brindar com ela. Ele foi inconsequente? Ele foi inconsequente. Ela teve orgulho de suas mãos secas. Ele falou que ela continuava a mesma, olhando o mundo sem parar, num movimento de olhos incessantes, com as bolinhas dos olhos rodopiando pra todos os lados pra captar tudo. Ela disse que continuava olhar o mundo sem parar. Ele brincou, disse que ela um dia ia infartar. Ela riu e disse que mesmo com as bolinhas girando sem parar ela estava mais tranquila do que era. Ele nunca entendeu que essa era uma fuga dos olhos dela pra não encontrarem os dele. Por isso que muitas vezes ela se pergunta, sinceramente e quase gritando internamente, se ele é ou foi mesmo o grande amor da vida dela. Grandes amores deviam ter mais sensibilidade pra perceber o outro! Eles trocaram meia dúzias de palavras soltas, fingindo priorizar o motivo do encontro. Pode ser que ele estivesse priorizando, ela também. Mas a ausência repentina de qualquer vestígio que indicasse ainda o amor ou paixão (prefiro me abster de entrar nesses méritos) por ele a deixou confusa. Era muito melhor que acontecesse o de sempre: o encontro, os olhos dele, a química, o tesão (que ela sempre se enganava dizendo que era só isso que a prendia a ele, e por algumas horas), a tristeza por não bastar pra ele e uma dor conhecida mas convencida de deixá-lo partir sabendo que ele um dia voltaria redundantemente de novo. Ela se sentiria mais confortável se fosse assim, ela sempre se assusta com as coisas que não pode entender e controlar no que diz respeito à sentimento. Mas dessa vez não: sentiu os olhos, logo depois veio a indiferença, quando ficaram sozinhos por um instante, ela o conhecia suficientemente bem pra saber o que ele estava pensando: provavelmente na sua bunda ou nos peitos, enquanto os dois faziam um esforço tremendo e ridículo pra fingir dar importância à conversa sobre a cor das paredes, o tipo das cadeiras e etc, nessa hora sim, surgiu uma vontade enorme de fazê-los se calar invadindo a boca dele, sem pedir licença ou fingir falsa cerimônia. Ela sabia que ele consentiria. Em seguida veio um misto de carinho e pena. Pena de ver como o tempo devorava a personificação do que fora pra ela, um dia, o grande amor. Pena de ver como aquela vida, tão antes expelida por todos os poros, se entristecia em si mesma, num eterno ciclo, assim como o retorno dele: triste e eterno. Ela ficou triste de ver o brilho daqueles olhos, que um dia disseram tudo pra ela, inclusive o que não se pode dizer, se afastando tanto daquela alma. Ela nunca entendeu muito bem tudo isso, nunca foi muito romântica, embora carinhosa. Nunca se permitiu acreditar em amor, ele a ensinou assim. Ele a ensinou a amar, e ela o amou como acredito que só se possa amar uma vez, mas também a ensinou não esperar muito do amor. Que ele é o rei da razão e não ao contrário, e que a razão, como boa súdita, deve aprender a obedecê-lo. E ela é eternamente grata a ele por isso, por ensiná-la, mesmo sendo ela um ser que nunca soube achar a espera algo confortável, a não esperar muito do amor. Hoje, ela desconfia que isso tenha sido uma atitude de possessão, porque ele a marcou e ela sabe, que desaprendeu a amar desse jeito. O tempo passou pros dois, deixando suas marcas e trazendo a experiência e o amadurecimento como seus brindes pra consolar. Ela já não entende mais, não faz questão de entender, nem ele, nem o destino. Ela já não acredita mais em amor, nunca acreditou muito. Ele só a vê com admiração e tesão, sempre viu. E os dois, cada um no seu mar, se deixam empurrar pelo vento tempo. Vez ou outra, se encontram nos cais debaixo das estrelas, rezam pra Janaína, navegam juntos, cantam algum coco desgarrado ou alguma ciranda, dão umas risadas, tomam uns tragos, se amam. Cada um ao seu modo: ela sabendo, mesmo que secretamente e mesmo que tente negar, que ali naquele corpo mora um pedaço dela. E ele, sem sequer imaginar que talvez no corpo dela more um pedaço dele. Os olhos dele um dia disseram pra ela, sem que ela perguntasse, que de algum modo sem que se tenha explicação nesta terra eles eram um do outro. Depois de uns minutos de confusão na alma, alguns movimentos de fuga do globo ocular, algum desejo da saliva dele, veio a indiferença, a conformidade com o destino dos dois. Um beijo na bochecha, um "a gente se fala", as mãos dela secas e as dele tristes unidas até enquanto os limites do corpo podiam, os olhos cinza dele é que fugiram dos dela nessa hora. E quando o corpo dele já se retirava pra um lado do destino, e o dela pra outro, os dois pares de mãos ainda se tocavam. Ela já estava acostumada com essas idas, porque sabia, de uma forma que nem a sua tão hostentada racionalidade sabe explicar, que um dia ele voltaria, eles sempre voltariam. Ela sentou, pediu o almoço, e uma cerveja, apesar da dieta. Isso talvez ele também não saiba, mas agora quem tomaria as lágrimas dele com cerveja mesmo sem saber, era ela. Ela comeu, tratou de trabalho, pensou em outras coisas, seguiu velejando. Talvez ele também não saiba, mas pressinta, que ela aprendeu a viver sem ele.

11 de fev. de 2009

Do dia do Abacaxi...

É uma merda quando a gente volta a se apaixonar pelas palavras. Vontade de escrever todo dia. Mais um vício pros muitos meus.

" A Dani é azeda, mas muito doce, quando é doce."

Segundo o Jeff: Esperar é um verbo muito desagradável.


10 de fev. de 2009

De ser meio "moderna"...


Ela chegou acompanhada de desejo. Desejo de pele, de boca, de mãos, de corpo quente de quem quer se dar até os poros explodirem. E de dar sem se perder, sem precisar sair de si, de se dar sabendo muito bem o que se quer e o que não se esperar. Mesmo que o que ela queira seja pouco pro que ela é. Mas ela sabe disso. E não quer muito. Mesmo sabendo que merece mais. Mas não quer agora o que merece. Quer, além do desejo, escolher o momento certo para escolher entre o pouco que deseja e tudo o que merece. Agora ela só quer tudo que pode ser tocado pelas mãos e provado pelos olhos. Quanto ao que pode ser tocado apenas com a alma, ela quer muito também, mas quem sabe uma outra hora? Não agora. Ela quer, depois do prazer consciente, poder se vestir, fechar a porta, ir embora, leve, quieta, sozinha, em paz. Fazendo o caminho de volta pra si. Satisfazer o corpo pra consolar a alma na espera.

8 de fev. de 2009

Do aço...

Espasmos

Despeço
Dispenso
Canso.
Calo.
Afogo.
Tolo
consolo.

Amarro
num bolo
e amasso
um pouco.
E faço
um traço
no espaço.
Tropeço
caio
no fundo
do poço.

Saio

do buraco
ingrato
dou um trago
escarro
gargalho
e passo.
(Dani Zamorano)


6 de fev. de 2009

Dos velozes e furiosos e das farpas no pé...

Tantas coisas mudam no decorrer de 24 horas, que só posso pensar que o tempo é na verdade um grande autor mimado. Um dia de paz com tantos eventos. Acordei depois de uma noite de muitos, muitos, mas muitos pensamentos. Dormi bem apesar disso, como a muito tempo não dormia. Telefonema, um atraso em consequência de uma troca saudável de idéias. Reunião com a chefia, boas notícias, visitas à "patrocinadores" rsrsrs. Um suco a convite inesperado. Ensaio com alunos. Um dos pupilos enfiou uma farpa no pé no meio do aquecimento que mais parecia um prego de tão grande. Tive que pegar o carro dele, e depois de 1 ano sem encostar num volante tive que dirigir pra levá-lo ao hospital. Além de ter ficado muito nervosa com a dor e o estado do pé do pupilo, vi que estou uma típica péssima de roda, porque "ruim de roda" seria uma expressão muito delicada até. Algumas horas no hospital. Uma micro-cirugia pra tirar a farpa que era muito grande e grossa. Volta ao teatro (eu no volante, fazendo altas cagadas na hora de estacionar), ensaio corrido e com tempo curto. Mas um dia divertido, imprevisível. E dessa vez não ficou como uma miragem. Vivi o dia, com toda a falta de controle de alguém que está aprendendo a aproveitar as pequenas coisas. E sinceramente, é muito mais gostoso assim. De alma aquietada, tranquila, em paz. Paz interior. A tanto tempo não sabia o que era isso... De coração vazio, sem ninguém em mente, não ficando com ninguém, sem nenhuma história mal resolvida, não interessada em ninguém. Paz no coração também. E é bom sentir isso, e que seja eterno enquanto dure...

4 de fev. de 2009

Das Bacantes...

Ela sentou. Permaneceu assim durante muitas horas da manhã e da tarde. Pensando em arte. As palavras a sugaram. Os mitos a ninaram. A Grécia se reergueu e do riso (clássico) a esperança nasceu. Dia de trabalho, mexendo, adaptando, futucando, dirigindo um texto. Trabalhinho difícil mas tão prazeroso. É quase um cansaço feliz... No fim da noite, transformada e encoberta pela madrugada: uma Bacante! (com rinite).

A Bacante

Celebra
sacerdotisa reluzente
o Deus homem
indecente
Se entrega
ao que mais tarde
vão denominar
pecado da serpente
Faz renascer
o vinho, a dança,
o mito, o prazer
pra viver o que todo
homem sente
ou morre sem saber
traz o cantar da arte
pro teu mundo colorido
lança o perfume da tua carne ao infinito
e repousa densa,
o teu corpo exausto
nos braços de Dionísio.

(Dani Zamorano)

3 de fev. de 2009

Dos laços da alma...

E da arte do desencontro. O mesmo sobrenome, são dois, eram pra ser um, mas são dois, separados por si mesmos...

Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos Paralelos
Frente a frente...
Pensar talvez:
"Paralelos que se encontram no infinito...".
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

(Pablo Neruda)

2 de fev. de 2009

Da fé...

Muitas coisas significativas aconteceram hoje. Fim de ciclos, início de outros (ou repetição, não sei ao certo).

ODOIÁ!

Hoje à noite,
nos cabelos de minha mãe,
vou me lavar...
E se eu chorar,
vai ser de amor...
Flor pra ti Ò Mãe,flor...
Em líquido afeto,
o longo abraço de minha deusa...
Bela beleza no mar,
estou nas águas de Yemanjá...
E ali,o tempo nunca vai passar...
Nos braços da sereia,
no calor da lua cheia,
vou agradecer...
Hoje,vou me aquecer
no vestido de minha Mãe...
E na plenitude do momento,
vou me deixar levar...
E tudo vai estar em seu lugar...
E o mundo vai parar para ouvir o seu canto...
Porque hoje é dia de Yemanjá!

Karla Bardanza

1 de fev. de 2009

Da felicidade no dia do nascimento

Melhor aniversário impossível. Já a meia noite do dia 31 muitos e-mails, scraps, ligações, um beijo do pai acompanhado de mousse de chocolate. De manhã beijos e abraços e apertões da mãe, do pai, do irmão e "festinha" da cachorra (não pelo meu aniversário, mas ela faz isso todo dia de manhã rs). Visita na vó e na tia (pq a vó tá véia demais pra sair de casa e subir três lances de escada), vó chorando emocionada me dando os parabéns. Depois que voltei da minha avó e vi um céu imenso, azul, aberto, coloquei um samba pra tocar e me senti tão feliz e grata por tudo a minha volta que até estranhei. Foram momentos de gratidão imensa pela minha vida, pela minha família, trabalho, amigos, momentos... que podem não ser perfeitos, mas que eram meus, e eram, existiam, estavam ali. Por aqueles momentos de plenitude consciente, vivi o que muitos poetas descrevem mas que poucas vezes senti: a felicidade e a plenitude de ter a realidade com toda sua simplicidade e sutileza. Vi que era tolice esperar "milagres" ou acontecimentos "exóticos" quando a felicidade acontece todo dia bem embaixo do meu nariz. De onde eu tirei que pra haver felicidade precisa haver "rebuscamento"? Felicidade... Feliz Idade...
Festa surpresa dos meus alunos, organizada com o maior carinho nos mínimos detalhes. Tema: festa infantil rs; talvez porque eles sempre dizem que eu sou muito exagerada por me achar muito acabada. Muito docinho, bala, salgadinho, refri, risadas, dança e jogo de baralho. Carinho e amizade trasbordando de todos os poros.
Encontro com amigos num barzinho. Amigos de tipos, idades, histórias e de lugares diferentes, mas que amo o bastante pra dizer que são irmãos de destino. Fato incomum: meu primeiro beijo na boca aos 23 foi algo bem "exótico" rs. Naquela mesa de bar, do nada, sem esperar, nem premeditar mas muito bom... rs. Foi muito engraçado ver a cara das pessoas sem entender a intervenção repentina de um convidado que sumiu tão rápido como chegou rs.
Samba e dança com amigos queridos, cerveja, suor. Um adeno: eu tenho problemas com suor pela questão da hiperhidrose, mas ultimamente vejo que o suor é felicidade e prazer expelidos. Passei o meu dia como eu gosto, com gente que gosto. Com samba... "eu nasci com o samba, no samba me criei e do danado do samba, nunca me separei". Fiquei realmente espantada em ver como sou querida. Sei que tenho bons amigos, mas em cada telefonema, abraço, e-mail, mensagem, vi que mesmo o tempo e a distância não apagam com facilidade coisas bonitas. Os 23 chegaram da melhor forma possível...

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
A sombra é uma paisagem
Quem vai virar o jogo
e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
só de quem me interessa
(Lenine)