16 de set. de 2012

Do nó

Eu tinha um nó de linha
Eu tinha uma rosa que era minha
Eu tinha um boto azul royal
Eu tinha, eu tinha...
Eu tinha um dia de esquecer
Eu tinha, e não fazia nenhum mal.
Eu tinha uma história que era minha
Eu tinha um dia de passar
um dia de ficar
um dia de cantar
um dia de chorar
um dia de florescer
E pra ninguém nunca quis vender
Eu tinha um livro aberto
tinha um futuro incerto
tinha um peito de aquecer
e de esfriar
Tinha esquecimento
tinha saudade
tinha e era minha.
Só minha.
Eu tinha, eu tinha...
E o nó de linha, eu tinha, eu tinha...
e o dia de passar continuou
o livro que era aberto, se fechou
O boto azul royal fugiu com a flor
pra um mar de navegar
Mas eu tinha, eu tinha...
E o dia de cantar floresceu
A saudade escureceu.
A palavra esfriou
Minha face enrubesceu
Eu não tardei a lembrar o que eu tinha
era minha, era minha...
Eu tinha, juro que eu tinha!
E cá ficou
um único nó de linha.
(D.Z.)