10 de ago. de 2011

De sei lá o quê...

Faz tempo que não escrevo,
ando vazia e cheia.
O peito tá explodindo de alegria e de cansaço,
ando embolado por tantos caminhos
e me sinto com os pés atados por amor.
O corpo está doído
e muito mais largo
é de amor
e de cansaço.
Um mundo cheio de cobranças
me chama com as mãos estendidas
duas mãozinhas estendidas
procuram as minhas
e eu me seguro onde dá.
Sou tantas pra ser eu
sou da vassoura, do rodo
da palavra e do humano
do palco, do medo
dos lábios e do seio
das unhas e da vontade de passeio.
Sou um ser por não ser nada
sou tudo por ser deles.
E pra onde sigo
neste andar vazio?
Pro amor que
de tão grade,
invade o infinito.
(D.Z)

Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de um vício?

Uns preferem dinheiro
Outros querem um passeio
Perto do precipício.

Haverá paraíso
sem perder o juízo e sem morrer?

Haverá pára-raio
Para o nosso desmaio
No momento preciso?

Uns vão de pára-quedas
Outros juntam moedas
antes do prejuízo

Num momento propício
Haverá paradeiro para isso?

Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de nós?

(Arnaldo Antunes / Marisa Monte)

14 de abr. de 2011

Da "empapelagem" ou "empapelamento"

Fiquei com a bunda na cadeira de 17 às 20h colando pedacinhos de jornal numa cabeça de boneco numa aula da UNIRIO, com um professor pé no saco. Ontem fiquei sabendo que um professor que havia me liberado pra fazer matéria a distância quer minha presença uma vez por semana. Não tenho saco pra filmes cult, nem livros significativos, nem música boa. Pensar tem cansado. Perde-se tanto tempo com bobagens importantes. Tô no lugar da resistência, como diria minha colega de classe. Cú doce hoje em dia é tão normal? O que havia de mim tem se esgotado, e nem quero usar o que sobrou.



25 de mar. de 2011

Dos desmoronamentos


Li um post dele em que ele dizia que queria ser o centro das atenções, se sentir cada dia mais amado, e que se não fosse assim não há razão, não há porquê. Acho que no fundo ele continua gostando dela. Acho que no fundo ele só me ama porque o amo. Acho que no fundo só vai durar enquanto houver amor em mim.

Canção da escuta

O sonho na prateleira
me olha com seu ar
de boneco quebrado.
Passo diante dele muitas vezes
e sorrimos um para o outro,
cúmplices de nossos desastres cotidianos.
Mas quando o pego no colo
(como às bonecas tão antigamente)
para avaliar se tem conserto
ou se ficará para sempre como está,
sinto sem estranheza
que dentro dele ainda bate
um pequeno tambor obstinado
e marca – timidamente –
um doce ritmo nos meus passos.

Lya Luft

17 de fev. de 2011

Da mulher que dormia sozinha na cama

Uma dica profunda, visceral e secular, que merece ser divulgada, advinda do maior conquistador de todo o Oriente: o sultão árabe Aymoré, provedor e amante de 20 esposas, além de muito caliente e viril: NUNCA DEIXE SUA MULHER DORMIR SOZINHA NA CAMA POR TRÊS NOITES SEGUIDAS.


"Onde aprender a odiar para não morrer de amor?" (Clarice Linspector)

7 de fev. de 2011

Do superamor


Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vem dos meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

(Pra você guardei o amor - Nando Reis)

Lira dos 25

A Dani
Continua sem tempo. Tem olheiras. Tá de regime. Acostumou a dormir 4 horas por dia. Tá com o cabelo comprido. Tem um filho lindo. Está feliz. Tem unhas cor de melancia. Arruma a casa quando dá. Não tem saco pra fazer comida. Tá entediada. Voltou a trabalhar. Tem preguiça. Quer mudar de ramo. Ama o que faz. Quer se formar. Sente falta de dançar. Aprendeu a fazer papinha. Conseguiu ir ao cinema com o Pedro. Boceja sempre. Descobriu o instinto materno. Precisa viajar. Tá no ócio criativo. Ficou com pouquíssimos amigos. Estreitou laços com a família. Fez 25 anos. Agora usa creme anti rugas.

A Dani disse ontem

A Dani ficou triste
A Dani também leu
A Dani não existe

É A Dani insiste

A Dani não consegue
A Dani inventou
Ela também merece

A Dani é azeda
Mas é doce quando é doce
A Dani é azeda
Mas muito doce quando é doce

A Dani nada sabe
A Dani sempre canta
A Dani me enrola
A Dani me encanta

A Dani se pintou
A Dani não limpou
A Dani que escreveu
A Dani se esqueceu

Foi A Dani que fez
Foi A Dani que foi
Foi A Dani em fá
Foi A Dani, foi

A Dani ama
A Dani odeia
A Dani sonha
A Dani canta

(adaptação de A Ana - Ana Cañas)