23 de abr. de 2010

Da canjica e de Ogum



Sim, eu chorei porque queria comer canjica. Assumo. Parece ridículo, mas não existem palavras pra definir o que é um desejo repentino assim do nada, vindo sei lá de onde, banhado por hormônios. Eu ria e chorava porque racionalmente me sentia ridícula em chorar de desespero pela impossibilidade de uma canjica. Meu marido tentava me consolar se oferecendo pra ir até a feira de São Cristovão numa terça quase de madrugada, ele, sem sucesso, tentava segurar o riso tentando compreender e dar a devida importância àquela cena. Por fim, fiquei com pena dele sair numa hora daquelas em busca de uma canjica quente com coco ralado e cravo. Até hoje não consegui comer a canjica. Eu e Pedro aprendemos a conviver com isso.
Agora as pessoas já me dão lugar no ônibus e os colegas de faculdade sabem que estou grávida, somado a isso quando passo em frente as lojas de bebês as vendedoras falam: "- Ei, mãe! Vem dar uma olhadinha...". Confesso que isto é muito prazeroso, te dá uma sensação de potência, de reconhecimento. Agora a sua gravidez não é só algo restrito ao exame bthcg ou às ultras, mas algo compartilhado, reconhecido... É bom...
Me sinto tão plena com meu casamento e com a maternidade, que as modernas (como eu) que me perdoem, mas é como se a vida ficasse completa. Tem horas em que me pego tensa por saber como vou dar conta de filho, casa, faculdade e trabalho. Quanto à isso só vivendo pra saber. O casamento e o comando de um lar também eram um indecifrável mistério pra mim, e hoje continuam sendo, só que menos indecifráveis.
E pra finalizar: Salve Jorge!
Ogum em seu cavalo corre
E a sua espada reluz
Ogum em seu cavalo corre
E a sua espada reluz
Ogum, Ogum Megê
Sua bandeira cobre os filhos de Jesus
Ogunhê